Quando um garoto apareceu como piloto de testes na BMW Sauber a partir do GP da Turquia de 2006, ocupando a vaga deixada por Robert Kubica que se tornara o mais novo titular no lugar de Jacques Villeneuve, ninguém deu muita importância para ele. Os resultados dele eram normais para um piloto de testes. Foi oitavo no primeiro treino livre. Só que ao final do mesmo dia o novo piloto alemão tinha feito a melhor marca do dia. Acho que alguns pensaram: "Opa! Vamos ficar de olho nele". Outros devem ter pensado: "Tenho coisa mais importante para me preocupar. Vamos ver quem é campeão: Schumacher ou Alonso?".
Por uma sorte do destino o mesmo menino pode estrear menos de um ano depois, pela própria BMW Sauber. Ele ocupou o lugar de Robert Kubica que não podia participar da prova nos Estados Unidos pelo acidente que sofrera uma semana antes no Canadá. O carro do polonês tinha ficado totalmente destruído. Público, dirigentes e jornalistas temeram pela vida de Kubica que no dia seguinte recebeu alta do hospital. Brilhantemente o garoto fez sua estreia e chegou em oitavo e tornando-se o piloto mais jovem a pontuar na Fórmula 1.
Uma coisa dessas não acontece todo dia. E não é que ele chamou atenção. Entrou na Fórmula 1 com o capacete todo patrocinado pela Red Bull, ou seja, era um competidor que fazia parte do programa de pilotos da marca de bebidas. Tinha cacife. O mesmo tinha acontecido com Christian Klien, mas o austríaco não mostrou serviço quando precisou. Ficou a desconfiança no ar.
Na metade do ano, a direção da Toro Rosso mostrou-se desinteressada por Scott Speed que já tinha brigado com os dirigentes e estava com a corda no pescoço por falta de resultados. Não deu outra. Speed foi demitido após o Grande Prêmio da Europa e quem a filial dos touros vermelhos chamaria? Vendo que aquele garoto, na época com 20 anos, mostrou resultado quando requisitado, a Toro Rosso arriscou.
Na primeira corrida ele teve um 16º posto, na seguinte um 19º, depois um 18º, um abandono. E todos começaram a falar: “A Toro Rosso errou! E tiraram o Speed por não ter bons resultados...”. No final de semana do GP do Japão, em Fuji, choveu durante os três dias. A chuva foi tamanha que um treino foi cancelado, a classificação e a corrida foram atrasados em alguns minutos pelo mal tempo. A corrida começou e algumas voltas se passaram. Alonso rodou e bateu com sua McLaren por causa da aquaplanagem. E durante uma bandeira amarela, das várias que a corrida teve, o garoto ocupava as primeiras posições logo atrás do fenômeno Lewis Hamilton. Quando ele menos esperava Mark Webber bateu em sua traseira o tirando da melhor corrida de sua carreira até aquele momento.
Novamente ele chamou a atenção de todos. E isso ficou mais evidente depois do quarto lugar no GP da China de 2007, quando Hamilton ficou na caixa de brita e Raikkonen entrava discretamente na briga pelo título daquele ano.
No Brasil, onde Raikkonen conquistou o seu título, o alemão teve problemas hidráulicos e abandonou novamente. Mas os resultados nos Estados Unidos e na China garantiram a ele o 14º lugar no campeonato e a melhor posição dos pilotos da Toro Rosso naquele ano.
Naturalmente foi confirmado para o ano seguinte. E mais ou menos um ano, um mês e 15 dias depois ele chegava sua primeira vitória na Fórmula 1. De forma magnífica, debaixo de chuva em um dos templos do automobilismo mundial, Monza, na Itália. A corrida foi toda dele que em nenhum momento foi ameaçado. No dia anterior ele tinha conquistado a sua primeira pole também de forma magnífica. Isto lhe garantiu a vaga na equipe principal, a Red Bull.
Apenas na terceira corrida com a nova equipe repetiu o feito. Desta vez em Xangai, na China. A pole veio no seco mesmo, mas a vitória veio debaixo de muita chuva. Como na primeira vitória, a largada foi dada com o safety car na pista. Depois o resto da corrida foi administrar o que conquistara na classificação.
Este longo texto falou de Sebastian Vettel. O garoto de 21 anos que mostrou que somente ele parece fazer os carros dos touros vermelhos andarem. Antes dele e junto com ele passaram pelas duas equipes: David Coulthard, Christian Klien, Vitantonio Liuzzi, Scott Speed, Mark Webber e Sebastien Bourdias. O máximo que estes seis pilotos conseguiram foram pódios e pontos. Vettel foi o responsável por vencer com as duas equipes. Os touros vermelhos pareciam ter desempenho para tal êxito sem o garoto, mas não chegavam a tal façanha. O projetista da equipe desde 2005 é Adrian Newey, que é considerado o melhor da Fórmula 1 atual.
Termino este texto me perguntando: Será que apenas Vettel faz os touros vermelhos andarem?
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