03 julho 2010

Errar é humano

Agora vou defender o arqueiro brasileiro.

Meus caros,
Eu também sou goleiro e é até por este motivo que quando falo de futebol por aqui, falo de goleiros. Eu também sei como é ingrata tal posição. Somos os únicos que tem um dia no calendário (26 de abril), mas não é isso que alivia o nosso trabalho embaixo dos três postes.

Podemos usar luvas, cotoveleiras, joelheiras, calça, boné e mais algumas coisas que não me recordo no momento, tudo para facilitar o mais difícil de todos os trabalhos dos jogadores de futebol. Uma posição tão complicada que o goleiro é uma figura solitária e que sempre tem uma frase lembrada e relembrada quando se fala de tal posição: “Lá onde eles jogam a grama não cresce” (ou algo do tipo).

Se você faz uma defesa espetacular é o melhor do mundo, se toma um frango é o pior. Já me chamaram de São Marcos quando fui bem durante uma disputa de penais quando a fase era das boas e já me perguntaram se eu queria uma sacola para levar os frangos quando a fase não era boa.

Mas falando de Julio Cesar. O homem fechou o gol nas Eliminatórias, Copa América, Copa das Confederações e por aí vai. Nesta Copa até que Julio Cesar não foi tão exigido, muito pela tal da Jabulani que insiste em ser teimosa e não obedecer aos atacantes, mas mesmo quando ele foi exigido lá estava Julio Cesar operando os seus “milagres”.

Hoje por uma infelicidade geral da defesa brasileira veio aquele cruzamento maluco de Sneijder. Meus amigos, o goleiro que nunca catou borboletas que dê um passo a frente! Acontece, infelizmente acontece. E como falei acima, o goleiro pode ter jogado os 89 minutos da partida de forma maravilhosa, mas se por algum motivo toma um gol, o trabalho dele não serviu para a crítica, para a torcida e muitas vezes os colegas.

Que o diga Robert Green. Os 89 minutos que ele jogou contra os Estados Unidos foram melhores que os três jogos do tal James que o substituiu, mas porque ele tomou um frango logo foi colocado no banco.

Eu já perdi um campeonato na minha adolescência por não ter jogado bem durante uma partida. Justo naquele dia que você não acorda muito bem e sabe que poderia ter pego aquela bola. Por isso digo o seguinte: não vamos condenar o goleiro de nossa seleção como Barbosa foi em 1950.

Pouco antes da Copa vi uma matéria sobre o bendito gol uruguaio que nos atrasou em oito anos o primeiro título. Barbosa falou o seguinte em 2000, pouco antes de falecer: “A pena máxima no Brasil é de 25 anos e eu já paguei o dobro. Eu mereço um descanso.”

Não vamos dar uma pena perpétua a outro goleiro. Errar é humano.

Não sei se Julio Cesar gritou que aquela bola era dele, mas o quê sei é que o bendito do Felipe Melo não deveria estar naquele bendito lugar. O camisa 5 deslocou o arqueiro na jogada e aí é socar o ar e só isso. Se existem pessoas que tem responsabilidade pela derrota de hoje, são Felipe Melo e Dunga. Não pela escalação, mas pela ação de um e pela omissão de outro. A derrota só se agravou por estes dois motivos. Mas como falei acima: Errar é humano.

Nenhum comentário: