17 abril 2012

Tá tudo garantido

Getty Images / ESPN F1.com
Os protestos estão acontecendo principalmente em vilas bahrenitas
Eu acredito que poucas pessoas acreditariam que o movimento conhecido como a Primavera Árabe pudesse atingir o mundo esportivo. As revoltas começaram em dezembro de 2010 em países do Norte da África e do Oriente Médio, todas pedindo por mudanças políticas. A lista de países é bem grande: Tunísia, Egito, Líbia, Argélia, Djibuti, Iraque, Jordânia, Síria, Omã, Iêmen, Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão, Saara Ocidental e, o assunto deste post, Bahrein.

No último ano o governo bahrenita reagiu de forma violenta deixando alguns manifestantes gravemente feridos e vários mortos. A grande questão da Fórmula 1 ir para o Bahrein é que a organização do GP é feita pela família que governa o país. Os manifestantes querem a queda do rei Hamad bin Isa Al Khalifa e de sua família. O dono do autódromo que recebe a categoria e organiza a corrida em terras árabes é o príncipe Salman bin Hamad bin Isa Al Khalifa, ou seja, a Fórmula 1 correndo em território bahrenita só apoia o atual regime.

Não é a primeira vez que a Fórmula 1 vai contra a vontade da imprensa e de seu público e corre em um país onde está acontecendo uma Guerra Civil. Durante o final da década de 80 e início dos anos 90, a categoria máxima do automobilismo correu na África do Sul em pleno Apartheid. O papo era o mesmo de agora, que tudo está muito seguro, que as revoltas não são tão grandes quanto a imprensa mostra e por aí vai.

O que se sabe é que os atentados e confrontos com a polícia estão acontecendo no país, principalmente fora da capital Manama. No início deste mês um atentado feriu sete policiais, três com gravidade, e em outra oportunidade um manifestante foi morto em confronto com a polícia. Esses são só alguns exemplos. Quase todos os dias notícias de confrontos e atentados vem do Bahrein e elas aumentaram com a proximidade da data da corrida.

Que fique claro que os protestos não acontecem contra a Fórmula 1, mas contra o governo, porém, uma corrida da Fórmula 1 em território bahrenita só acaba apoiando o atual regime que não tem tido atitudes positivas para solucionar uma situação que se estende por mais de um ano.

A corrida claramente não deveria acontecer, mas quem deveria se opor e não vincular-se com tal regime resolveu se esconder. Quem deveria evitar a corrida em solo bahrenita eram os pilotos e equipes atendendo ao pedido do público que já demonstrou ser contrário a situação do Bahrein.

Ponto contra a Fórmula 1.

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