23 novembro 2012

O segundo adeus

Sutton/GP Update
Schumacher diz adeus a Fórmula 1 pela segunda vez 
A despedida de algo que gostamos nunca é fácil, principalmente se somos bons naquilo de que estamos nos despedindo. No caso de Michael Schumacher apenas uma despedida não foi suficiente. O alemão que quebrou e estabeleceu boa parte dos recordes atuais da Fórmula 1, marcou história ao se tornar o piloto com o maior número de títulos, vitórias, poles, pódios, voltas mais rápidas, hat tricks (poles-positions, vitórias e voltas mais rápidas em um mesmo final de semana) e vários outros números que podem demorar para serem superados.

O caso de Schumacher, como o próprio piloto, é diferente. O alemão é o piloto mais velho do atual grid da Fórmula 1, 43 anos, e em 2006 já havia anunciado a sua aposentadoria da Fórmula 1, quando ainda corria pela Ferrari.

Criado em Kerpen, cidade do interior da Alemanha, Michael Schumacher sempre foi muito rápido no kart, se destacando rapidamente em eventos locais e não demorando muito para fechar um contrato junto a Mercedes-Benz. Correu em diversas categorias de turismo vinculado a montadora alemã até fazer a sua estreia na Fórmula 1 pela modesta Jordan, no GP da Bélgica de 1991. Schumy, como é conhecido no “circo” da categoria, encerraria a sua primeira temporada com quatro pontos. No mesmo circuito onde estreou, Spa-Francorchamps, o alemão venceu a sua primeira corrida pela Benetton já no ano de 1992.

Após um 1993 apagado, a Benetton ressurgiu em parceria com a Ford no ano de 1994 vencendo as quatro primeiras provas do campeonato com o jovem Michael Schumacher. No GP do Brasil, prova que abriu a temporada o alemão venceu sem tomar conhecimento de qualquer adversário e colocou pelo menos uma volta em todos os carros da pista. No GP do Pácifico, em Aida, no Japão, Schumacher foi um pouco mais modesto e só não deu volta no então piloto da Ferrari Gerhad Berger, segundo colocado da corrida. Mesmo vencendo oito das 16 provas do ano, o alemão só levou o campeonato em um toque na última corrida com o inglês Damon Hill que até hoje gera muita polêmica.

1995 foi o ano do bicampeonato e do fechamento de contrato para os anos seguintes com a Ferrari. O jejum de quatro anos na escuderia italiana só foi quebrado com a chegada do brasileiro Rubens Barrichello em 2000. Deste ano até 2004 foi um dos maiores períodos em que um piloto e uma equipe dominaram na história da categoria e quando boa parte do recordes citados no início deste texto foi pulverizada.

Mesmo detendo boa parte das maiores marcas da categoria, em 2006, o alemão disputava o título contra Fernando Alonso mostrou uma de suas faces: a de Dick Vigarista (apelido que veio por diversas vigarices que aprontou contra adversários em pista e também a semelhança física com o personagem dos desenhos animados e que sempre armava alguma trapaça para vencer seus concorrentes na “Corrida Maluca”). Um dos vários exemplos aconteceu durante o treino que definiria o grid de largada para o GP de Mônaco daquele ano, quando Schumacher parou o carro no trecho final da pista e atrapalhou Alonso e todos os outros pilotos que terminavam as suas voltas rápidas nos segundos finais de treino. O alemão foi punido com a desclassificação do treino e largou da última posição. Mesmo assim, o alemão é muito mais lembrado pelas belas atuações do que pelas trapaças.

“Parado”, o heptacampeão da Fórmula 1 não ficou longe da velocidade e se aventurou no motociclismo onde sofreu um acidente sério e que o fez ficar no hospital por alguns dias e o impediu de substituir o brasileiro Felipe Massa, na Ferrari, no final da temporada de 2009. Na pré-temporada de 2010, veio a surpresa e a reedição de uma velha parceria. Michael Schumacher retornava para a Fórmula 1 pelas mãos de seu amigo Ross Brawn e correndo pela mesma Mercedes que o apoiou no início da carreira.

Bem longe do desempenho que o consagrou e sendo um dos pilotos mais velhos do grid, Schumacher conseguiu como melhores resultados um oitavo lugar no campeonato do ano passado e um pódio neste ano. Isso pode explicar o motivo da contratação de Lewis Hamilton antes mesmo de uma definição do futuro do maior campeão da Fórmula 1.

A despedida de Michael Schumacher contrasta com a de outro multicampeão do automobilismo mundial: o francês Sebastian Loeb. Atual detentor dos últimos nove títulos no Campeonato Mundial de Rali da FIA (2004-2012), Loeb só correrá algumas etapas do Mundial de Rali de 2013 e se despedirá da categoria para seguir em novos projetos da Citröen, montadora pela qual conquistou os seus campeonatos. No caso de Schumy, o futuro ainda é incerto e não se sabe o que ele fará daqui para frente.

Independente do que Schumacher fez ou ainda fará, fato é que o alemão deixará uma legião de fãs, ferraristas ou não, alemães ou não, espalhados pelo mundo e que farão questão de que aquele rápido kartista de Kerpen fique eternizado na memória de todos por muitos anos.

Nenhum comentário: