25 agosto 2015

Agora é Wilson que vai

Site Oficial da IndyCar

Lá se foi mais um das pistas. Curiosamente Justin Wilson era um dos pilotos da Fórmula 1 no período em que voltei a acompanhar a Fórmula 1 - que acabou se tornando a porta de entrada para as outras categorias. Eu fui um dos vários que deixou de acompanhar as corridas da Fórmula 1 e da Indy por um bom tempo após a morte de Ayrton Senna e o acidente de Emerson Fittipaldi em Michigan 1996.

Em 2000, quando Rubens Barrichello chegou à Ferrari, voltei a assistir as corridas à tarde ainda gravadas em VHS, mas foi em 2002 que comecei a acompanhar a Fórmula 1 pra valer. Me lembro direitinho de Justin Wilson correndo pela Minardi em 2003. O inglês era o único piloto que andava bem com aqueles carros pretinhos sofríveis. Logo em seguida, Wilson substituiu Antonio Pizzonia na Jaguar e por ali terminou a temporada e a passagem dele pela Fórmula 1.

Por um tempo ele sumiu pra mim, mas procurou outras opções e logo apareceu na extinta ChampCar. O inglês mandou bem por lá e se manteve na Indy, quando a ChampCar foi absorvida pela IRL em 2008. Mesmo andando em equipes de médias para fracas, ele repetiu o bom desempenho. Venceu três corridas - além das outras quatro na ChampCar - e ainda assim ficou sem um carro para 2015.

Por acaso, Wilson viveu uma situação parecida com a de Dan Wheldon em 2011. Também inglês, com muito talento, sem carro para toda a temporada, mandou bem nas poucas corridas que fez e garantiu contrato com a Andretti. Os dois eram muito bem quistos pelo público, pilotos e a categoria - e isso não é pieguice, é sério mesmo - tanto que a permanência de ambos era esperada por todos. Os dois morreram por acidentes em ovais. O acidente de Wilson foi plasticamente menos assustador que o de Wheldon, mas não deixou de ser tão grave quanto.

Infelizmente os dois reavivaram, como Jules Bianchi no mês passado, o debate sobre cockpits cobertos nos monopostos. Para mim, os acidentes de Felipe Massa e Henry Surtees em 2009, James Hinchcliffe em 2013 - também acertado na cabeça por destroços de um acidente - e Justin Wilson neste domingo seriam evitados por um canopy protegendo a cabeça dos pilotos. O acidente de Dan Wheldon é uma dúvida para mim - não sei dizer se a proteção da cabeça evitaria a morte do inglês -, enquanto o acidente de Jules Bianchi nem um dispositivo desse evitaria os ferimentos graves do francês.

Fato é que a Fórmula 1 e a Indy tem que dar o primeiro passo e se tornarem exemplos de segurança e estudar de fato o canopy como um item de segurança para os pilotos. Porque mesmo que o grande público - quem não acompanha com frequência - goste de ver um acidente toda a corrida, ninguém quer receber a notícia de que aquele piloto que bateu se feriu gravemente ou morreu. É só ver o exemplo da Nascar - está certo que os carros são completamente diferentes - que tem acidentes fortes corrida sim corrida não e raramente alguém se machuca de verdade.

Fato é que Justin Wilson faleceu na noite desta segunda-feira e, como desejei no mês passado, espero que essa morte sirva de lição para o automobilismo.

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