26 agosto 2015

F-E 2015-16 - Acabou a pré-temporada

 Reprodução / YouTube / FIA Formula E Championship

A pré-temporada da Fórmula E acabou e em alguns dias as equipes vão empacotar tudo para a etapa de abertura em Pequim, na China, no terceiro final de semana de Outubro. Neste post vou dar um panorama bem rápido e rasteiro do desempenho que cada time apresentou durante as três semanas de testes. Prometo que vou tentar entregar algo mais detalhado e técnico perto do início da temporada.

Esses testes foram bem interessantes desde o início porque os novos pacotes introduzidos na categoria mostraram o seu potencial logo de cara. No primeiro dia, o recorde da F-E em Donington foi beliscado e no segundo dia já havia sido quebrado por muito pouco - Sébastien Buemi marcou no quarto dia de testes de 2014 1m31s083 contra o 1m31s050 do segundo dia de testes de 2015. Na segunda semana, a marca da primeira semana foi completamente pulverizada - Lucas Di Grassi baixou o tempo para 1m29s920 no quarto dia de testes. Enquanto alguns times apresentavam melhoras significativas, outros seguiam sofrendo com seus novos pacotes e é disso que eu vou tratar logo abaixo.

Na minha visão, a F-E tem algumas particularidades que deixam um panorama mais fácil de se identificar. O principal é a diferença de peso entre os carros e os pneus. Fazendo um paralelo entre a F1 e a Indy - em que as equipes podem jogar com o peso dos carros e fazer uma volta espetacular com pneus mais macios -, a F-E não tem essa diferenciação. Na teoria, todos os carros tem o mesmo peso e o composto do pneu é único, ou seja, os times tem que jogar com a potência para dar uma volta rápida.

Como os powertrains estão em desenvolvimento é de se acreditar que logo de início as equipes tenham escolhido fazer long-runs e depois partiram para trechos mais curtos e mais rápidos. Claro que estou levando em conta que todas passaram por cronogramas parecidos, ou seja, na média todos os times passaram pelo mesmo processo - na média. E é partindo desse pensamento que fiz a minha avaliação.



Escolhi a ordem para falar de cada time de forma alfabética para evitar qualquer preferência. Então vamos lá!

Abt Schaeffler Audi Sport
Terceira colocada entre as equipes, a Abt e a Audi se juntaram a Schaeffler no projeto do novo trem de força e aparentemente está dando certo. A equipe sempre andou entre os primeiros com os dois carros e conseguiu um número razoável de voltas durante a pré-temporada - 232 voltas, aproximadamente 928 km -, além de quebrar o recorde da F-E em Donington com Lucas Di Grassi. Mais uma vez a equipe alemã começa o ano entre as favoritas.

Andretti Formula E Team
Um time que literalmente andou para trás foi a Andretti. O time do titio Michael bem que tentou desenvolver o seu próprio trem de força, mas não deu. Ficou visível no vídeo que a categoria fez para mostrar os diferentes sons dos carros que o modelo do time americano quase que fica parado no momento da arrancada. Foram apenas 18 voltas - todas de instalação -, aproximadamente 72 km, do trem de força da Andretti e que não entregaram a competitividade necessária. Resultado: o time retornou ao pacote inicial da categoria produzido pela McLaren/Spark. Acho que o meio do grid voltará a ser um cenário para o time nesta temporada. Na verdade, pensei que este tipo de problemas pudesse acontecer porque a Andretti não tem um perfil de equipe que desenvolve tecnologia, afinal, em todas a categorias que o time participa, não é a Andretti que faz todo o desenvolvimento dos carros (a Andretti até participa, mas o "grosso" do desenvolvimento não é feito pelo time, a equipe dá o feedback para as montadoras).

Dragon Racing
Pela mesma razão que a Andretti começou a desenvolver e retornou ao pacote padrão (por não ter essa característica de equipe desenvolvedora de tecnologia) que a Dragon terceirizou o powertrain da Venturi. O time de Jay Penske (filho de Roger Penske, aquele da Indy e da Nascar) andou muito e bem. A Dragon - com os confirmados Loïc Duval e Jérome D'Ambrosio - não chegou a andar na ponta, mas evoluiu durante os treinos, saindo do meio da tabela de tempos e começando a beliscar os lugares próximos ao pódio, quase sempre dentro do que seria a zona de pontuação (Top 10).

DS Virgin Racing Formula E Team
Richard Branson deve estar feliz. Tem uma boa parceria com a Citroën/DS, uma das melhores duplas do grid - Sam Bird e Jean-Éric Vergne (que era dado como figura certa na Andretti) - e viu o seu time andar na frente em alguns dias da pré-temporada. Inclusive, a última semana terminou com um carro dele na ponta. O novo powertrain da equipe andou mais de mil quilômetros e mostrou ter um bom desempenho nos testes. Anotem aí mais uma equipe favorita.

Renault e.Dams
Os campeões entre as equipes na temporada inaugural podem balancear a imagem da Renault que anda muito mal na Fórmula 1. A e.Dams se mostrou um time muito constante na primeira temporada e o powertrain da Renault parece estar no mesmo nível do time. Como os compatriotas da DS, o pacote da montadora francesa andou mais de mil quilômetros e foi muito rápido e não saiu do Top 10 com os dois carros em nenhuma das três semanas. Olho neles! Outro time mais do que favorito.

Mahindra Racing Formula E Team
Os indianos evoluíram muito na pré-temporada. Quase sempre no Top 10 das semanas de testes, o time mostrou desempenho um pouco melhor que o da Dragon Racing, mas isso aconteceu na pré-temporada passada e o time terminou o campeonato no magro oitavo lugar entre as equipes. Admito que me parece que a montadora indiana melhorou, mas fico na dúvida.

NEXTEV TCR Formula E Team
O primeiro campeão da categoria pelo jeito vai penar para defender o caneco. O time de Nelsinho Piquet sempre andou na parte de baixo da tabela de tempos e teve uma ligeira melhora apenas nessa última semana de testes. Acredito que tempos complicados estão por vir para o atual campeão que não tem um companheiro oficializado.

Team Aguri
Se a Aguri terminou a primeira temporada brigando com o patrocinador - e o perdendo para a Andretti - e sem uma dupla definida, a segunda temporada começou um pouquinho melhor. Ainda sem patrocínio, o time de Aguri Suzuki não piorou e ainda subiu na tabela de tempos - muito pelos problemas dos outros times - ao manter o mesmo powertrain da temporada inaugural. A situação ficou clara quando a Andretti voltou a usar o trem de força da McLaren/Spark e passou time japonês na tabela de tempos. Não acredito que isso vá mudar de alguma forma e a tendência é cair com a evolução dos outros times.

Trulli Formula E Team
Oficialmente com Jarno Trulli nos bastidores e não no cockpit o time deve viver situação parecida a da Andretti com uma diferença bem pontual, o trem de força da Trulli vem da Motomatica. Ainda assim, o time continua no final do grid e sem nenhuma confiabilidade no conjunto que empurra o carro. Em todos os testes a Trulli apenas deu voltas de instalação e andou muito pouco. Preocupante para a sobrevida do time que segue com poucos patrocínios.

Venturi Formula E Team
Curiosamente a Venturi foi o time e a montadora que mais andou - mais de dois mil quilômetros com os carros da própria Venturi e da Dragon -, mas teve um desempenho pior que o da sua cliente. Uma coisa boa é que como montadora e time, a Venturi evoluiu durante a pré-temporada e aos poucos entrou no Top 10 das tabelas de tempos das três semanas de testes. É bem provável que a Venturi melhore o desempenho ao longo da temporada. Olho neles!

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