03 novembro 2017

Em 2021

Twiiter / Formula 1 (@F1)
A base do regulamento para 2021 foi anunciada pela FIA na última terça-feira
Na última terça-feira a Fórmula 1 divulgou apenas parte do regulamento que será implementado a partir de 2021. Vou meio direto ao ponto com o que deve mudar desta data em diante:

- 1.6 Litros, V6 Turbo Híbrido;
- Aumento das rotações do motor em 3000 RPM para melhorar o som (subir de 15000 para 18000);
- Parâmetros de design interno para restringir os custos de desenvolvimento e desencorajar projetos extremos e condições de funcionamento;
- Remoção do MGU-H (Sistema que recuperava energia do calor do turbo);
- MGU-K (antigo KERS, sistema de recuperação de energia a partir do calor dos freios) mais potente e com o foco no acionamento manual do piloto na corrida, juntamente com a opção de economizar energia em várias voltas para fornecer elemento tático controlado pelo piloto;
- Turbo único com restrições de dimensões e limites de peso;
- Controle eletrônico e armazenamento de energia padrões;
- Alto nível de design externo prescrito para dar capacidade de troca de mecanismo em motor, chassi e transmissão;
- Intenção de investigar regulamentos mais restritivos de combustível e limite no número de combustíveis utilizados;


Basicamente não muda muita coisa do que tivemos nos últimos dez anos e a Fórmula 1 fica no meio do caminho entre o que temos desde 2014 e o que tínhamos entre 2009 e 2013. O regulamento completo só será divulgado no final de 2018 para evitar que algumas montadoras comecem trabalhos avançados antes do tempo, mas o que já temos mostra que a categoria segue no mesmo caminho que está agora corrigindo alguns errinhos.

O motor 1.6 litro, V6 Turbo segue como a usina escolhida pela categoria. A diferença está no aumento de 3000 rotações por minuto para tornar os carros mais barulhentos. Aqui a FIA e a F1 atenderam apenas em parte o pedido do público que queria pelo menos um motor V8 de 2021 em diante. Seguiram com o V6 Turbo e aumentaram as rotações para compensar a falta de barulho que os atuais motores geram, a principal briga do público com a categoria desde 2014.

O segundo ponto é claramente uma jogada de segurança para evitar um novo fiasco como o da Honda nas últimas três temporadas. A situação dos japoneses nos últimos três anos não foi boa para a montadora e nem para a Fórmula 1. Tanto que a negociação de saída da Honda da McLaren envolveu muita gente, incluindo a categoria que não queria perder uma fornecedora de motores.

A retirada do MGU-H atende somente a falta de utilidade do sistema no mercado automobilístico e para evitar os problemas de confiabilidade que as unidades de força sofreram nos últimos anos. Ferrari, Renault e Honda não conseguiram um acerto dessa parte da unidade logo de cara e demoraram para deixar de ter problema no MGU-H. Talvez esse modelo faça mais sentido na construção de unidades de força mais pesadas, como caminhões, ônibus ou veículos do tipo. Para o mercado de automóveis esse não foi o sistema utilizado para a construção dos modelos superesportivos de Ferrari, McLaren, Porsche e mais recentemente Aston Martin.

O sistema usado nos superesportivos das marcas citadas acima foi o KERS, o atual MGU-K, que deve ser aprimorado a partir de 2021. Essa na verdade é a parte que eu mais gostei do novo regulamento. Desde 2014, os pilotos perderam muito do controle desse sistema que era uma boa ferramenta durante as corridas. Se o regulamento não sofrer alterações até ser implementado, o KERS vai voltar a ganhar uma importância tática gigantesca ao longo das corridas. Isso porque os pilotos poderão usar como quiserem o que economizaram antes tanto para defesa de posição quanto para ataque.

As partes que são mais restritivas e devem gerar muita polêmica são justamente as últimas. Turbo, central eletrônica e armazenamento de energia únicos, restrição nos desenhos de motor, chassi e transmissão e aumento na limitação dos combustíveis usados. Parte já é adotada hoje (a central eletrônica já é única e fornecida pela McLaren para todas as equipes), mas outras serão mais restritas com a intenção de baratear a categoria. Nesse caso, eu seria mais a favor da venda de chassis e peças aerodinâmicas como foi cogitado anos atrás em complemento a esse ponto. Justamente para atrair novas equipes que não queiram gastar com o desenvolvimento, mas querem expor suas marcas na Fórmula 1. Além disso, aumentaria o grid sem perder a qualidade dos competidores.

Claro que muito desse esboço de regulamento deve ser alterado até 2021 e muita coisa deve entrar e sair dessa lista divulgada na última terça-feira. Fato é que a categoria deve dar um passo importante, mas ainda está um pouco presa ao que fez na última década.

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